Diálogo transfronteiriço e transversal em prol da gestão dos rios e das águas
O desafio socioambiental do século XXI está na construção de um diálogo profícuo que oportunize uma visão crítica acerca das diversas perspectivas e possibilidades de trabalho em torno da gestão dos recursos hídricos. Desse modo, torna-se imprescindível e urgente a ampliação de discussões que dinamizem, a partir de um olhar integrador e contextualizado, a análise dos diferentes fatores que constituem a dinâmica gestora das águas, considerando que as ciências precisam se fortalecer por meio da integração de seus objetos de análise. Além disso, esse fato é ainda mais essencial quando o objetivo é analisar os indicadores sociais, econômicos e ambientais que permeiam uma bacia hidrográfica. Nesse caso, há a necessidade de articulação de um projeto geográfico socioespacial, engendrado a partir do conceito da interdisciplinaridade e que envolva, também, a transversalidade, com o objetivo de trabalhar a questão da sustentabilidade em diferentes escalas de análise.
Chegamos em uma década de diálogo intenso com todos os setores da sociedade. Por esse motivo, acreditamos que juntos podemos propor diálogos científicos que podem contribuir, de forma sistemática e metodológica, para a compreensão acerca da realidade que estamos vivenciando na Amazônia e no Mundo. Conforme nos lembra o educador Paulo Freire, a busca do conhecimento é um caminho de libertação, e é pensando na construção desse trajeto libertador, que buscamos a participação de pesquisadores e alunos de diferentes instituições e órgão sociais para juntos investirmos na difusão do conhecimento e na visibilidade dos Simpósios de Recursos Hídricos, enquanto espaço de formação temática para a Gestão dos Rios e das Águas.
Cada um que compõe essa equipe chegou em um momento distinto, porém, ao integrar o processo passou fazer parte de um grupo que acredita que somente é possível falar em desenvolvimento sustentável na Amazônia, quando discutirmos juntos tópicos importantes para além das fronteiras, como por exemplo, os que se referem aos direitos humanos (ODS 1, 2, 3, 10), às temáticas acerca da igualdade de gênero (ODS 5), ao protagonismo dos Rios, das Águas e dos Oceanos sendo integrado ao uso de uma bacia hidrográfica (ODS 14 e 15), ao empoderamento territorial de comunidades ribeirinhas, extrativistas e dos povos indígenas (ODS 11 e 16), ao saneamento básico nas médias e pequenas cidades (ODS 6 e 11), à preservação e manutenção da floresta reconhecendo seu valor para os povos que a habita e para a dinâmica climática (ODS 13 e 15), ao papel da educação básica, técnica, científica e tecnológica para o desenvolvimento integrado à ética da sustentabilidade (ODS 4) e ao comprometimento de cooperação, o qual precisa ser firmado constantemente nas esferas que possam intermediar a elaboração e a execução de projetos (ODS 17).
Enquanto isso, o comprometimento com o diálogo sobre esses temas se reflete na urgência de elaboração de novas diretrizes, as quais revelem ao mundo as realidades que aqui são contempladas, como os rios, as águas e os recursos hídricos. Dessa maneira, intitulamos essa discussão teórica de diálogo híbrido, pelo fato de ela conectar em uma mesma rede científica um conjunto de fatores sociais, econômicos e ambientais que integram a modelagem constante de cada bacia hidrográfica, objeto de estudo das pesquisas trazidas nesta obra.
[Continua no CONVITE AO DIÁLOGO TRANSVERSAL do livro]
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