AMAZÔNIA: diálogos integrados de gestão fluvial e recursos hídricos

A Amazônia sempre será lembrada pela necessidade e urgência de sua preservação. Tudo que nela existe e dela depende tem a água como meio fundamental de sobrevivência. É aqui, na Amazônia, que está a maior reserva de água doce do mundo. Ela, a água, está presente nas coisas vivas, nos rios, no solo, subsolo, e paira sobre nossas cabeças (rios voadores). De tão abundante que ele é, podemos achar que este bem nunca irá desaparecer. Ledo engano. O ciclo das águas da Amazônia é frágil: se a floresta continuar sendo derrubada, por exemplo, o “celeiro hídrico mundial” deixará de existir.
O espaço amazônico contemporâneo vem sendo cada vez mais ocupado, e os impactos antrópicos também ficam mais e mais evidentes. Ao mesmo tempo, administrar os usos múltiplos da água torna-se um desafio, pois os conflitos aumentam na mesma proporção que aumenta a demanda por água. Foi dentro deste contexto que surgiu, em 2011, o I Simpósio de Recursos Hídricos, com o tema recursos hídricos e diálogos socioambientais. O evento promoveu um amplo debate sobre a temática, oficinas de capacitação em gestão de recursos hídricos e trouxe à tona a necessidade da criação e implantação dos Comitês de Bacias Hidrográficas em Rondônia, já previstas na Lei Complementar 255/2002.
A ausência de comitês em Rondônia traduzia-se na inexistência de articulação entre poder público, gestores e sociedade, e na falta de autonomia legal de gestão das águas nas bacias hidrográficas. O sucesso do primeiro evento em promover aquilo que ficou conhecido como “diálogo hídrico” resultou em ações efetivas do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, como a criação e implantação de diversos comitês de bacias hidrográficas — merecendo destaque o Comitê de Bacias do Rio Branco e Colorado, região com potencial de conflitos pelos diversos usos da água: agricultura, pecuária, irrigação, pequenas centrais hidrelétricas, uso urbano.
Os eventos que se sucederam em 2013, com a temática desafios e perspectivas para gestão das águas, em 2015, cujo tema foi instrumentos para gestão de recursos hídricos, e em 2018, que refletiu sobre o tema contribuições científicas para gestão hídrica, tiveram como maior resultado o fortalecimento do diálogo hídrico multidisciplinar, despertando o comprometimento da sociedade em prol dos recursos hídricos.
Veio, então, 2021 com o V Simpósio de Recursos Hídricos. Só o fato de chegarmos até aqui já é uma prova de compromisso de todos com águas. Isso ficou mais evidente quando o evento promoveu em conjunto o I Congresso Internacional de Diálogo Fluvial na Amazônia, trazendo um olhar especial para o rio. Sendo assim, o evento apresentou a temática diálogos integrados de gestão fluvial e recursos hídricos. Ficou mais amplo, mais atores foram convidados para o diálogo, e o evento tornou-se internacional. Na ocasião, também promoveu-se o lançamento de obras com a temática gestão fluvial e recursos hídricos: Coleção Rios de Rondônia, Base Legal para a Gestão de Recursos Hídricos do Estado de Rondônia (2002 a 2019), Bacias Hidrográficas e Seus Comitês (Cartilha Dr. Botinho), Nossas Águas, Nossos Rios - educação ambiental para as águas no contexto Amazônico: Ji-Paraná, Aventura no Monte Cigarra.
Estamos no caminho certo para garantir água de qualidade e em quantidade para esta e as futuras gerações? Parece que sim! Mas, para tornar isso verdadeiro é preciso continuar a promover o diálogo hídrico, e nós, os organizadores desta obra, convidamos você a fazer parte disso.

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